“Mas o FRUTO DO ESPÍRITO é amor, […], amabilidade (gentileza)…” (Gl. 5:22)
Como estamos precisando desta virtude do Espírito em nossos dias, relacionamentos, família e sociedade. Como disse Jean de la Bruyere, escritor francês, “a gentileza faz com que o homem pareça exteriormente, como deveria ser interiormente.”
E não tenho como não de lembrar de José Datrino, mais conhecido como Profeta Gentileza (1917 – 1996). Foi um “pregador” urbano brasileiro, um profeta secular, que se tornou conhecido por fazer inscrições peculiares nas pilastras do Viaduto do Gasômetro, no Rio de Janeiro, e se tornou uma espécie de personalidade daquela cidade. Andava pela Zona Central com uma túnica branca e longa barba. Ficou famoso com sua célebre frase: “Gentileza gera gentileza“. Todos precisamos de mais gentileza, de mais amabilidade, de mais amor, de mais Jesus! É disto que você, seu casamento, sua casa, sua família, nossa sociedade, precisa. Muitos de nossos problemas e dores de cabeça podem ser resolvidos com um pouco mais de gentileza.
O termo que, na versão NVI (Bíblia Nova Versão Internacional) é traduzido por “amabilidade”, é, na verdade, difícil de traduzir. Outras versões trazem “benignidade”, em correspondência ao termo latino benignitas, “delicadeza no trato com outros”, “gentileza”, mas o termo grego χρηστότης (chrestotes) – CHRESTOTES, engloba todos esses termos ao denominar um tipo de bondade, de gentileza que é útil (χρηστός, chrestos: “útil”, “prestativo”, mas ao mesmo tempo “bom”, “benevolente”), no sentido de que é bem ajustada e apropriada ao que é realmente necessário numa dada situação. Assim, ela é um fruto do Espírito porque é dotada de Sua sensibilidade para vir sempre no tempo e na medida justa, de acordo com a vontade de Deus, e não dos homens.
Como também é com as outras manifestações do fruto do Espírito, a amabilidade não deve ser interpretada como uma característica por si só, mas como uma propensão à ação: amabilidade não é só alguém passível de ser amado, mas alguém propenso a amar.
A chrestotes é a excelência moral que aqueles que foram de fato batizados pelo Espírito Santo passam a demonstrar. Quando Paulo, em sua exortação na carta aos Romanos, diz, “não há ninguém que faça o bem [χρηστότητα, chrestoteta]” (3:12b), esse sentido fica bem claro. Esta é uma atitude que Deus demonstra e por isso espera que nós também a tomemos, como está escrito:
“Portanto, considere a bondade [χρηστότητα, chrestoteta] e a severidade de Deus: severidade para com aqueles que caíram, mas bondade [χρηστότης, chrestotes] para com você, desde que permaneça na bondade [χρηστότητι, chrestoteti] dele. De outra forma, você também será cortado. (Romanos 11:22).
Este é um tema que permeia todo o Novo Testamento: da mesma maneira com que Deus nos demonstrou misericórdia, devemos ativamente mostrar misericórdia àqueles à nossa volta, para que eles também possam se achegar a Deus.
Não demonstramos misericórdia com quem concordamos com o estilo de vida, sexualidade, posição política, profissão, time de futebol, e sim para com TODOS. William Barclay, doutor em NT, disse: “Boas palavras nunca tomarão o lugar de bons atos; e nenhuma quantidade de conversa sobre o amor cristão tomará o lugar de um ato amável para um homem em necessidade, envolvendo certo grau de sacrifício próprio, pois nesse ato o princípio da cruz opera novamente.”.
Aqui está a essência de toda real gentileza entre os homens – os dois grandes mandamentos de Cristo para nós: “Respondeu Jesus: ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.”(Mateus 22:37-40).
Viva a gentileza, ela começa com cada um de nós!
Carlito Paes