Vivemos na era denominada pós-moderna. Com o termo mesmo diz, se trata do momento que sucede o período moderno. Entretanto, a relação entre um momento histórico (modernidade) e outro (pós-modernidade) não é apenas temporal ou histórica, mas também conceitual e cultural. Ou seja, a pós-modernidade não é apenas um período que segue a modernidade no correr dos anos, mas um período que sucede a modernidade conceitual e culturalmente, rompendo com o modo de pensar, viver e se organizar próprios da modernidade. Nos âmbitos social e comportamental isso gera um grande desafio para sociedade cristã, que vive sua cultura baseada na herança judaico-cristã, em especial no seu conceito de fé, família e trabalho.
A pós-modernidade rompe com o que poderíamos chamar de universal, em defesa do particular ou individual, e esta é uma de suas características mais marcantes. O indivíduo passa a ser mais importante do que o coletivo. Na modernidade se pensava na história humana de modo geral, em termos de uma história universal, mas hoje não se costuma falar mais em uma história da humanidade.
Na modernidade se falava também em uma verdade universal e absoluta. Em nossos dias, no entanto, falar nestes termos é algo quase que inaceitável. Isto não significa que a modernidade tenha sido de fato cristã, mas apenas que ela teve em comum com a visão de mundo cristã o fato de assumir o universal e absoluto. Por isto, em nossos dias, crer na Bíblia como Palavra de Deus, algo absoluto, é considerado ultrapassado. No passado, não crer na Bíblia como Escritura Sagrada era uma opção, hoje, crer chega a ser ofensivo.
Oposto à modernidade, o tempo no qual vivemos tem como princípio o relativismo, valorizando o particular e desprezando o universal. “O relativismo é a teoria de que a base para os julgamentos sobre conhecimento, cultura ou ética difere de acordo com as pessoas, com os eventos e com as situações” – Carl Henry.
Esse relativismo contemporâneo se aplica a três elementos: história, conhecimento e ética. A pós-modernidade questiona, em primeiro lugar, a existência de uma história comum que possa, de certo modo, identificar os homens de modo universal. Em segundo lugar, no âmbito do conhecimento, questiona a existência de uma verdade que seja universal e absoluta. Questiona finalmente a possibilidade de se estabelecer princípios morais que devam reger a conduta de todas as pessoas universalmente. Nosso tempo rejeita qualquer critério universalmente aceito para se medir valores.
Esta teoria pode ser notada nas palavras e ações do dia a dia das pessoas hoje em dia, embora seja um tanto complexa, e caminha junto ao hedonismo humano, no qual o prazer, o sentimento pessoal, torna-se mais importante do que a ética de valores do coletivo. Provavelmente muitos dos leitores deste texto já tiveram uma discussão encerrada pela seguinte frase: “não vale a pena discutir, você tem a sua verdade e eu tenho a minha”. Ou, quem nunca foi perguntado, e de certa forma afrontado, depois de ter emitido um juízo de valor sobre algo ou alguém: “quem é você para julgar?”. Tais palavras e ações revelam como o relativismo tomou conta de nossos dias e como será difícil para os que acreditam em um único Deus e na sua Palavra revelada viver em um mundo cada vez mais agnóstico, panteísta e relativista.
Como viver neste tempo? Seja ético, coerente e real, viva a verdade, seja uma referência nesses tempos onde os valores éticos e morais estão se tornando cada vez mais vulneráveis.
Ensine a verdade da fé cristã, coragem, persistência, esperança e amor. Não tenha medo e nem viva acuado. Ainda que isto custe a você um alto preço, lembre-se do que está Escrito: “Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio.” – II Timóteo 1.7.
Nossa sociedade, orgulhosa, tão sábia e inteligente, está sendo gradativamente moldada em massa, como um produto, em prisões da linguagem e máscaras de poder. Estas ideias estão nas escolas, universidades, livros, televisão, filmes, jornais e revistas. Então passando para o cidadão comum, não mais de forma sutil, mas de forma aberta, no que chamamos de “janela de Overton”, e assim, desafiam e minam a fé cristã. Fomos chamados para viver e transformar esta época, como nos ensinou o Mestre Jesus, sendo Sal e Luz no mundo, em todos os períodos da história.
Pr Carlito Paes