AMOR, O FRUTO DO ESPIRITO!

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“Mas o fruto do Espírito é amor “ – Gálatas 5:22

O Fruto do Espirito é o Amor. A palavra “amor”, na tradição grega, não possui apenas uma palavra correspondente, mas há um termo para cada tipo de amor. Mais comumente, se fala de quatro: ἔρως (eros), στοργή (storge), φιλία (philia), e ἀγάπη (agape). Eros é o amor romântico, storge, a empatia e o amor familiar, philia é a amizade e agape é o amor incondicional, de Deus, e também a caridade. Os dois primeiros não aparecem diretamente na Bíblia, embora, em Romanos e em 2 Timóteo, encontramos um semelhante; Paulo condena aqueles que são ἄστοργος (astorgos), o oposto de storge, que não têm amor ou afeição natural, o que se via entre os homens frequentemente.

No versículo acima, a palavra utilizada é agape. Embora agape seja a descrição do amor de Deus, ele é o amor que nós temos por Deus e pelos outros também, porque define uma forma de amar, que é a forma que Deus nos ensinou pelo seu exemplo. O amor de Deus descrito em 1 Jo. 4:8 é agape, bem como o mandamento que recebemos em Mt. 22:37-40. Devemos amar (Ἀγαπήσεις, agapeseis) tanto a Deus, acima de todas as coisas, quanto as pessoas, como a nós mesmos. Apenas o amor agape é capaz disso, e por isso ele é um fruto do Espírito: “nós amamos porque ele nos amou primeiro” (1 Jo. 4:19). Um exemplo disso é quando, após Pedro tê-lo negado, Jesus pede que reafirme o seu amor por Ele, mas Pedro está tomado de constrangimento, o que se faz perceber no original:

Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, você me ama [ἀγαπᾷς, agapas] realmente mais do que estes? ” Disse ele: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo [φιλῶ, philo]”. Disse Jesus: “Cuide dos meus cordeiros”.
Novamente Jesus disse: “Simão, filho de João, você realmente me ama [ἀγαπᾷς, agapas]? ” Ele respondeu: “Sim, Senhor tu sabes que te amo [φιλῶ, philo]”. Disse Jesus: “Pastoreie as minhas ovelhas”.
Pela terceira vez, ele lhe disse: “Simão, filho de João, você me ama [Φιλεῖς, phileis]?” Pedro ficou magoado por Jesus lhe ter perguntado pela terceira vez “Você me ama [Φιλεῖς, phileis]? ” e lhe disse: “Senhor, tu sabes todas as coisas e sabes que te amo [φιλῶ, philo]”. Disse-lhe Jesus: “Cuide das minhas ovelhas. – João 21:15-17.

Jesus perguntava se Pedro O amava com agape, mas Pedro só conseguia responder que O amava com philia, porque o amor que ele tinha por Jesus tinha falhado – ora, ele O negou. Mas Jesus estava dando uma nova chance a Pedro de ser capacitado pelo Seu amor. Jesus nunca desistiu de Pedro.

Enquanto philia é ainda um amor dependente da afeição e dos sentimentos, agape engloba a decisão deliberada de amar como princípio e honra, apesar das circunstâncias (cf. concordância de Strong). Mesmo Pedro ficando extremamente constrangido, Jesus decide reafirmar seu laço de amizade com Pedro, sua afeição por ele – Jesus entendeu a dor de Pedro e respeitou sua limitação, embora o estivesse chamando para mais.

No grego clássico, agape se originou como um termo para descrever o amor de pais para filhos, e assim é possível perceber como se tornou uma descrição do amor incondicional. O amor agape, como escreveu o grande teólogo Tomás de Aquino , consiste em desejar o bem ao outro, independente de laços ou relações. Por isso que, em latim, o termo naquele mesmo verso foi traduzido por caritas, que deriva de carus, adjetivo que, como o equivalente em português (“caro”), significa algo de alto valor, ou querido.

Hoje, o termo se tornou um pouco gasto na língua portuguesa e, por vezes, realizamos atos de caridade de forma condescendente, como se os que os recebem fossem menores do que nós e precisassem da nossa benevolência quando, no Reino dos Céus, o humilde é o maior, e todos precisamos da graça de Deus.

Assim, devemos atos de amor e de caridade porque vemos a preciosidade dos filhos de Deus e os amamos como Ele ama, não por status, conveniência ou obrigação. Este é o amor que nasce como fruto do Espírito.

Por mais que o verbo amar ou o termo amor estejam tão desgastados pelos múltiplos usos coloquiais sem o sentido real, devemos nos lembrar que esta é a uma palavra importante e valiosa, porque inclusive, a Bíblias diz que este é um dos atributos compartilhados de Deus conosco. Deus é Amor. Em tempos de Pandemia, pelo digital ou presencial, mais do que nunca é tempo de amor em pratica, de servir com amor real, como Jesus perguntou para Pedro. Vamos amar, a Deus e as pessoas de perto e de longe, e minimizar nossa dor e do nosso próximo.

Carlito Paes