BONDADE, A QUINTA MANIFESTAÇÃO DO FRUTO DO ESPÍRITO

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“Mas o fruto do Espírito é: amor, […], bondade…” (Gl 5:22)

Você certamente já foi alvo da bondade de alguém! Também creio que você se mostra uma pessoa bondosa com pessoas de sua vida, não é mesmo? Bondade é uma manifestação do fruto do Espírito, que é o amor. A palavra ἀγαθωσύνη (AGATHOSYNE), que aqui foi traduzida por “bondade”, é um termo estritamente bíblico, ou seja, não se tem ocorrências dele em textos clássicos ou seculares. Ela é formada a partir do adjetivo ἀγαθός (agathos), que significa “inerentemente bom”, “de bom caráter”. A palavra latina que é utilizada para traduzir esse termo é bonitas, da qual descende “bondade”, algo excelente, de boa qualidade. 

Quando dizemos que alguém é bom, isso diz respeito especialmente às intenções de alguém: quem é bom possui intenções boas. Isso é de suma importância para Deus, uma vez que Ele se preocupa mais com o coração do que a performance que venhamos a ter (1 Sm. 16:7). O filósofo e teólogo do Norte da África século IV, um dos pais da Igreja, Santo Agostinho (Agostinho Bispo de Hipona) disse: 

“Não é tanto o que fazemos, mas o motivo pelo qual fazemos que determina a bondade ou a malícia.”

Sobre o adjetivo agathos, o uso que Jesus fazia desse termo é chave para interpretarmos: ele o fazia sempre do modo absoluto, ou seja, indicando algo que é bom em sua essência, o que necessariamente aponta para o divino.  Assim, Ele chama os servos que foram fiéis ao senhor na parábola dos talentos, sendo aprovados após julgamento, em Mateus 25: 

“Muito bem, servo bom [ἀγαθὲ, agathé] e fiel!” (v. 21a).

Veja que interessante: Mais notável ainda é na parábola do jovem rico, como relatada em Marcos, capítulo 10. O jovem aborda Jesus o chamando de “bom mestre [Διδάσκαλε ἀγαθέ, didaskale agathe]”, ao que Ele responde: “Por que você me chama bom [ἀγαθόν, agathon]? Ninguém é bom, a não ser um, que é Deus” (v. 18).  O que Jesus quis dizer não é que Ele não era divino, mas que o jovem rico estava sendo leviano com suas palavras. Jesus é bom porque Ele é Deus, e, se o jovem não estivesse pronto para reconhecer isso, não o deveria chamá-lo assim. Jesus é mais que um bom mestre ou guru, como se é costumeiro ouvir. A bondade de Jesus é verdadeira e plena porque vem do fato de Ele ser Deus. 

Além disso, o jovem rico achava que por suas obras (algo externo) ele era bom (na versão paralela da história em Mateus 19, ele pergunta, “que farei de bom [ἀγαθὸν, agathon] para ter a vida eterna?” [v. 16], ou seja, ele cria que o que era bom estava nas ações, e não no caráter, e Jesus tratou de apontá-lo que ninguém é bom a não ser Deus, nem ele. No final na história, vemos que ele de fato tinha suas riquezas por ídolo e não pôde seguir a Jesus. 

Essa bondade, que se traduz em integridade, não vêm das nossas ações, mas está acessível a nós apenas através do Espírito, como fruto do Seu agir em nós. A Bíblia registra a criação do mundo e nos lembra, que quando Deus viu tudo o que criou, disse que era bom. Por quê? Porque cumpriu o propósito para o qual foi criado. Bondade é isso: cumprir um propósito – ser o que Deus queria que fosse.

Deus fez você com um propósito. Quando você vive da maneira que Deus pretende que viva, você se sente bem. Sua vida torna-se significativa – mas qual é a coisa boa para a qual Deus fez você?

“Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos”. (Efésios 2:10).

Todos somos salvos por meio de boas obras; somos salvos para as boas obras – o estilo de vida do cristão é de BONDADE.

Esse é o estilo de vida que Deus quer para você! Que benefícios você terá se levar este estilo de vida? Quando você pratica o que é bom, sente-se bem consigo mesmo, porque está cumprindo o propósito de Deus – o resultado é uma auto-estima saudável!

A bondade não faz parte da natureza do homem, por quatro motivos:

– Primeiro: Bíblia Afirma.

A Bíblia diz que a bondade do homem é falha.

“Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós. (Isaías 53:6)

Está Escrito que cada um quer fazer a própria vontade, andar nos próprios caminhos e ser o próprio deus (mas ninguém é perfeito; apenas Deus é). O homem, está separado da glória de Deus (Rm. 8:23.) Então o homem não é bom por natureza, foi isto que Jesus disse ao jovem. 

Segundo: História testifica. 

Sabemos que o homem não pode ser naturalmente bom por causa dos fatos da história. A história é um registro de desumanidade: Conflitos, contendas, guerras, crimes, violência, preconceito, opressão.

O terceiro: Pecado revela.

“Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram;” (Romanos 5:12)

O quarto: O Coração demonstra.

Porque a bondade não faz parte da natureza do homem, é o reconhecimento do meu próprio coração. 

“O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?” (Jeremias 17:9)

 

Por estes 4 fatores, o homem não é bom pela sua natureza terrena, precisamos do Espírito Santo se desejamos fazer o que é bom e certo. 

“Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne. Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo. Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo. (Romanos 7:18-19)

Muitas vezes ainda sou indelicado ao invés de gentil, às vezes sou egoísta mesmo sem querer. Paulo disse da sua própria experiência em Romanos 7:15,  

“Não entendo o que faço. Pois não faço o que desejo, mas o que odeio. 

Você se identifica com isso? Todos ficamos aquém do padrão divino perfeito de bondade, Jesus Cristo. Não somos bons por natureza, mas por causa da bondade de Deus, Ele pode nos declarar bons!

Quando você confia em Jesus, Deus lhe dá uma nova natureza – Ele lhe dá o desejo de ser bom e também lhe dá o poder de ser bom.

“Pois Deus está sempre agindo em vocês para que obedeçam à vontade dele, tanto no pensamento como nas ações”. (Filipenses 2:13).

 

Carlito Paes